Cenas deletadas de A seleção
- anaresenha
- 5 de nov. de 2020
- 13 min de leitura
— Bom, também quero chamá-la de outro jeito. Você ainda é contra o "minha querida"?

Oi gente!
Hoje trouxe para vocês , cenas deletadas do primeiro livro a seleção da Kiera Cass!
Lembrando que elas foram encontradas no próprio site da editora seguinte.
Bom proveito!
Cenas deletadas
America e May (Capítulo 1)
Em vez de voltar para o meu quarto, fui para o de May. Costumávamos dormir no mesmo quarto antes de Kenna se casar.
Eu meio que sentia falta de ficarmos juntas à noite. Era reconfortante ouvir sua respiração forte perto de mim.
Ela também sentia falta e às vezes se esgueirava até meu quarto. Naquela noite, decidi me antecipar a ela.
— Está acordada? — sussurrei ao abrir um pouco a porta.
— Claro! — ela sussurrou, cheia de entusiasmo. Sabia do que ela queria falar.
Nós duas tínhamos o costume de dormir apenas com lençóis no verão. Uma fresta na janela do quarto deixava entrar uma brisa leve.
— Não se esqueça de fechar isso antes de dormir — lembrei-a.
— Não vou esquecer — May resmungou. Ela estava naquela idade em que qualquer pedido soava como uma tirania. Me enfiei debaixo do lençol ao lado dela. Estava confortável, apesar do calor. — America, por que você não quer participar da Seleção?
Ela não perguntava com as mesmas intenções da minha mãe. May não se ofendia com a minha escolha. Só estava curiosa. Quem dera pudéssemos trocar de lugar...
— May, eu simplesmente não quero ser princesa.
— Todo mundo quer ser princesa.
— Eu não. Sei que parece legal, mas imagine a pressão. As pessoas sempre vigiando você, prontas para destruí-la na primeira oportunidade. Pense também nos rebeldes que perseguem a família real. Você gostaria que estivessem atrás de você? É mais assustador do que parece.
May pensou por uns instantes.
— Mas aposto que nada disso a incomodaria se você estivesse apaixonada pelo príncipe Maxon. Aposto que não se preocuparia com nada.
Sim, o amor era um fator crítico naquele caso.
— Mas eu não amo o príncipe Maxon. Nem um pouco.
— Bom, ainda não! Mas você nem o conheceu. Aposto que é maravilhoso. Ele é tão bonito.
— May!
— Mas é! Os olhos dele são tão... — e suspirou.
— May, você tem que parar de babar por todo garoto que aparece na sua frente. O papai odeia isso.
— O papai está um saco ultimamente. Além disso, olhar não faz mal.
Fiz cara de cansada, mas estava escuro demais para ela perceber. Queria mudar de assunto, mas do que mais poderíamos falar? Aquele era o maior acontecimento de Illéa em quase trinta anos. Bom, pelo menos para os mais jovens.
— Você acha alguém bonito, America?
Soltei um suspiro.
— Claro que sim. Só não ando por aí fazendo cara de apaixonada para cada garoto bonito que encontro.
— Você deveria. É divertido!
— May! Fala sério. Você está brincando, né?
Ela dava gargalhadas sem parar. Minha irmã mais nova estava me incentivando a paquerar! Onde o mundo ia parar? Um minuto se passou até que ela se acalmasse. Então ficou séria.
— Você já se apaixonou?
Engasguei.
— Já? — ela me pressionou.
— Claro. Sou louca por você. Perdidamente apaixonada. Acho que seria incapaz de viver sem você, por isso me recuso a ir embora para um palácio qualquer.
— Você é tão ridícula! — gritou ela.
— E você? Já se apaixonou, sua macaquinha romântica? — perguntei.
— Ah, o tempo todo!
Tive de morder a mão. Não conseguia evitar o riso. Embora me preocupasse com May, gostava da sua visão do amor. Parecia fácil.
Conversamos por quase uma hora. Na maior parte do tempo, May imaginava como seriam belos os quartos do palácio ou como a comida devia ser deliciosa. Em determinado momento, as palavras começaram a rarear. Depois, a encurtar. Depois, ficamos sem falar por um tempo, apesar de ambas estarmos acordadas. Por fim, May deixou escapar um grande bocejo, e percebi que ela estava adormecendo. Ainda assim ela falou uma última coisa.
— America?
— Sim?
— Imagine só todas as coisas que você poderia fazer se fosse rainha...
Senti o encanto em sua voz. Ela achava que eu seria uma governante espetacular. Na verdade, eu mal conseguia formar frases coerentes e nem sempre tinha certeza do que era certo ou errado. Eu tinha personalidade forte, mas isso não significava muita coisa.
Em poucos minutos percebi, pela respiração forte de May, que ela tinha dormido. Me soltei de seus braços e fechei a janela antes de sair. Ainda era cedo, no final das contas. Passei um bom tempo acordada na minha cama, graças à sementinha que May plantara na minha cabeça.
Todas as coisas que você poderia fazer...
America e a sra. Leger (Capítulo 7)
(Nesta cena, a roupa de America para sua partida ao palácio precisava ter a bainha refeita, já que ela, claro, insistia em usar sapatos sem salto. Aqui, o nome de sua acompanhante, Mitsy, é mencionado brevemente.)
Houve mais tumulto e agitação. Dez minutos depois, a sra. Leger chegou com seu cesto de costura. Seus olhos enchiam-se de lágrimas enquanto ela trabalhava, fazendo com que o conserto demorasse mais do que o planejado. Quando finalmente chorou, também chorei. E quando chorei, minha mãe chorou. E Mitsy chorou um pouco também, até sua personalidade radiante se inquietar.
— Sra. Singer, precisamos conversar sobre a segurança do resto da família. Onde estão seus dois filhos mais novos?
Com essas palavras, ela e minha mãe saíram à procura de May e Gerad, deixando-me a sós com a sra. Leger.
— Estou tão orgulhosa de você, America. Vi você crescer, e você se tornou uma jovem tão linda. Ficaria orgulhosa de tê-la como rainha.
— Ah, pare com isso. Não serei rainha de ninguém. Vou só cumprir tabela e então voltar para vocês todos. Aposto que já estarei em casa bem antes do Natal. E comemoraremos com dois dias de atraso, como sempre, e faremos nossas brincadeiras bobas, e tudo será como antes — disse, tentando convencer mais a mim mesma do que a ela.
Foram precisos mais alguns minutos até a sra. Leger botar alfinetes suficientes para que pudesse levar o traje para casa e costurá-lo. Tirei a roupa e vesti minha velha calça jeans.
— Trago de volta à noite. É um trabalho simples. — A sra. Leger sorriu para mim. Seus olhos mais uma vez estavam carregados de lágrimas, mas ela não estava exatamente chorando. — Posso contar um segredinho, America?
— Claro, qualquer coisa.
Meus lábios tremiam. Todas as emoções que vinha sentindo desde a semana anterior finalmente emergiam sob aquela pressão.
Ela segurou minhas mãos e se aproximou. Senti naquele toque o que nunca sentira com minha mãe: aceitação incondicional.
— Estou tão feliz por você quanto estaria por uma de minhas filhas. Mas estou também um pouco triste, porque sonhei por um tempo que poderia chamá-la de filha um dia. É duro abrir mão de você, mesmo para uma rainha.
Ela sabia!
— Como? Há quanto tempo? — Fiquei pasma.
— Você guarda segredo melhor do que ele. Ele não conseguia evitar falar de você. E, se não estou enganada, tudo acabou antes de você ser escolhida.
— Foi — respondi com um suspiro.
— Percebi. Bem, fico mais tranquila assim, sabendo que ele não simplesmente desistiu, que não acabou por ele não ser corajoso o bastante para esperar.
— Gostaria de contar tanta coisa, mas não... não consigo.
— Não, querida, alguém poderia escutar. Está tudo bem. Só quero que saiba que amo você e que estou orgulhosa. Faça o que for necessário, cuide-se e cuide da sua família.
— America! — minha mãe chamou.
— Já vou! — gritei da porta. Depois me virei para a sra. Leger. — Obrigada. Por tudo.
Ela acenou com a cabeça e pôs-se a caminho de casa.
America na plataforma (Capítulo 8)
(Este capítulo traria uma exposição sobre cada uma das castas, mas percebemos que se déssemos dicas sobre as pessoas em outros lugares, como a fila para entregar os formulários, não precisaríamos de uma explicação tão grande.)
As expressões nos rostos das pessoas traçavam as divisões entre as castas. A casta Um era a da família real e de todas as figuras religiosas. Os pastores e padres não nadavam em rios de dinheiro, mas eram respeitados, como deveria ser. Na Dois estavam todos os militares, que assim conseguiam posições de honra, e as celebridades. Após as guerras terríveis que destruíram o que costumava ser os Estados Unidos, a primeira coisa que o povo quis foi se distrair. Agora, os filhos e filhas dos antigos cantores pop e astros de cinema eram os famosos da vez. Como as mulheres nunca se casavam com alguém de casta mais baixa, acabavam se unindo a uma porção de atletas ou outros famosos, então era uma grande bagunça por aquelas bandas. O pior era que eu, por exemplo, podia estudar música clássica, aprender a cantar e a tocar um instrumento, mas nunca jogaria basquete se não tivesse físico para isso. Só que um Dois está no topo; é obrigado jogar. Era meio constrangedor assistir às partidas, isso sem falar em como alguns filmes e programas de tv eram péssimos por causa dos atores de quinta categoria.
Os Três eram intelectuais, grandes pensadores, inventores, escritores e professores. Eram eles os responsáveis por elaborar estratégias para nosso país se reerguer, e por isso recebiam o apoio generoso da nova monarquia. Eu me perguntava qual seria o meu lugar naquele grupo, já que passei a fazer parte do clube. Os Quatro eram comerciantes e fazendeiros; vendiam os produtos que os Três idealizavam, possuíam lojas e similares. Mesmo os vendedores de rua eram considerados Quatro. Não era pouca coisa possuir sua própria loja, ou um espaço para expor seus produtos.
Os Cinco, minha casta original, eram os artistas mais humildes. Músicos eruditos, atores de teatro, e até mesmo os palhaços de festa. Às vezes ficava furiosa com a comparação entre as minhas habilidades — que ninguém podia negar que eram notáveis — e as de uma pessoa que fazia bichinhos com balões. Os Seis, como Aspen, eram os empregados do lar. Faziam trabalhos domésticos ou burocráticos para as castas superiores. Ninguém abaixo deles teria essa necessidade. Aspen aparecia mensalmente na casa de Kota para ajudá-lo a limpar o lugar e organizar seus arquivos. Basicamente, eram os secretários e criados.
Os Sete realizavam o trabalho braçal. Lixeiros, pedreiros, carregadores de mudança: todos eram Sete. Mal posso imaginar como a vida deve ser extenuante para uma menina nessa situação. Por fim, os Oito eram os intocáveis. Abandonados ou órfãos sem meios de provar sua casta. E também viciados em drogas, deficientes físicos e mentais. Incapazes de arrumar emprego, eram deixados na rua para mendigar. Sempre partiam meu coração. Muitas dessas pessoas foram abandonadas por motivos que deveriam despertar nossa compaixão.
Mas não despertavam. Não como tinha de ser.
America e Juliet (Capítulo 9)
Baixei a cabeça por um instante e vi uma menininha esmagada contra o parapeito. Ela não devia ter mais de doze anos. Nas mãos, levava um cartaz com a frase as ruivas dominam!, uma pequena coroa desenhada em um canto e estrelinhas para todos os lados. Eu sabia que era a única ruiva da competição, e percebi que meus cabelos e os dela tinham praticamente o mesmo tom.
Ela me flagrou lendo o cartaz. Nossos olhares se cruzaram, e, quando dei por mim, estava me afastando do resto e caminhando em direção a ela. Um guarda bloqueou meu caminho. Lancei um olhar muito sério a ele, que recuou só um pouco, cuidadosamente.
— Como você se chama? — perguntei à garota.
— Juliet — sua voz era suave, e dava para notar que não era por causa da timidez.
— Gostei do cartaz, Juliet.
— Eu que fiz! — Cada centímetro do seu corpo se encheu de orgulho.
— É maravilhoso.
— Você autografaria para mim? — era evidente a esperança em seu rosto.
— Claro.
Juliet me emprestou uma canetinha, e escrevi meu nome no canto oposto ao desenho da coroa.
— Não vejo a hora de mostrar isso na escola!
Escola? Então ela era pelo menos Seis. Isso me cativou ainda mais.
— Ouça, Juliet, você sabe que pode ser que eu não me torne rainha, não é? Não sei o que vai acontecer. Mas nunca deixe ninguém lhe dizer que você é incapaz de fazer uma coisa que você quer de verdade ou de se tornar alguém especial. Você é ruiva, então sei que não desiste fácil. Nunca abra mão de algo que você queira muito.
Juliet concordou com a cabeça, mas percebi que estava um pouco confusa com meu arroubo repentino. Logo atrás, uma mulher — sem dúvida mãe dela — balbuciou um "obrigada" com lágrimas nos olhos.
Maxon e America (Capítulo 14)
(Em um dos noticiários, America conta que caçoou do apelido carinhoso pelo qual Maxon desejava ser chamado por sua futura esposa, mas jamais revela qual era. O episódio foi cortado, assim como outros detalhes sobre Maxon. À medida que conhecia o príncipe e sua família, me dei conta de que parte daquilo não iria rolar. Em primeiro lugar, nada de apelidos; além disso, ele teria apenas um passatempo. Maxon sofria pressão demais para que focasse em seu futuro como rei.)
— E os seus pais?
— E os seus pais? — rebati.
— Você conhece meus pais.
— Não. Conheço a imagem pública deles. Como eles são de verdade?
Forcei seus braços para baixo. Uma façanha, já que eram enormes. Mesmo sob as camadas de roupa, dava para sentir seus músculos fortes e retesados. Maxon suspirou, mas percebi que não o tinha irritado nem um pouco. Ele parecia gostar de ter alguém para infernizá-lo. Devia ser triste crescer sem irmãos naquele lugar.
— Minha mãe é provavelmente a criatura mais maravilhosa do planeta. Ela é gentil e generosa. Eu a admiro de várias formas. Ela é boa em resolver conflitos, e sabe acalmar meu pai. É simplesmente uma pessoa muito reconfortante. E sempre procura fazer com que eu melhore. Devo muito do que sou a ela.
Não havia como negar o tom de admiração na voz de Maxon. Eu amava meus pais, mas acho que não tinha tamanho grau de reverência por nenhum deles.
— Meu pai. Bem, ele é uma máquina. É realmente preocupado com o país; quer que ele funcione. Por isso, passa a maior parte do tempo fazendo planos, deliberando, e assim por diante. Não me lembro da última vez em que tirou férias para passar um tempo só com a minha mãe e eu.
Maxon estreitou os olhos, como se recapitulasse seu passado a fim de encontrar um momento em que apenas os três importassem.
— Sinto muito, Maxon.
Ele sorriu quando eu disse seu nome. Então me dei conta de que deveria tê-lo chamado de "Alteza". Ops.
— Tudo bem. Agora que sou mais velho, fazemos mais coisas juntos. Meu pai tem me ensinado coisas, me preparado para liderar. Espero não desapontá-lo. Espero não desapontar ninguém. — Ele ficou um momento em silêncio. — Posso contar uma coisa?
— Qualquer coisa — respondi com sinceridade.
— É um pouco avassalador. Quer dizer, tenho vinte e três anos, passei a vida isolado, e agora, do nada, tenho que escolher uma esposa e aprender a governar um país novo e instável. É meio assustador.
— O que é mais assustador: a esposa ou o cargo? — perguntei em meio a risos, que Maxon logo acompanhou.
— Bom, pelo menos vou ter ajuda para governar o país. A garota eu preciso escolher sozinho.
De fato, seus olhos revelavam certo nervosismo.
— Quer ajuda? — ofereci. — Passo bem mais tempo com as meninas do que você.
— Ah! Estou certo que sim. Pois bem, me conte algo. Algo que me possa ser útil.
Olhei ao redor para me certificar de que ninguém nos ouvia. Já havia anoitecido, e os guardas rondavam pelo jardim. Pareciam nervosos. Aparentemente, Maxon e eu tínhamos quebrado alguma regra, o que me deixava feliz. Os guardas não estavam perto a ponto de ouvir um cochicho, então aproximei os lábios do ouvido de Maxon.
Há exatamente uma semana, a ideia de estar tão perto dele teria me enfurecido.
— Mantenha distância de Celeste e Bariel. Ambas são lindas, eu sei, mas se importam mais com o cargo do que com você. Tome cuidado.
— Celeste? Sério? Ela parece tão simpática.
— Claro que parece. Ela quer muito ganhar. Mas já a vi conversando com as outras. Acredite: ela é pior do que aparenta. Se passaram apenas poucos dias, por isso ainda está indo bem. Mas esse veneno... não vai ficar escondido para sempre.
— Você ficaria ofendida se eu a deixasse ficar? — perguntou Maxon, um pouco nervoso, temendo ter de mandá-la embora antes de conhecê-la de verdade.
— Não, claro que não. É uma decisão muito séria, e ninguém deve tomá-la por você. Mas sempre que pedir minha opinião sincera sobre uma delas, vai tê-la. E deixarei você decidir o que fazer. A questão, Maxon, é que não dá para viver a vida dos outros. E a sua é tão atribulada que acho que não quero nem tentar. Mas sempre vou ser honesta com você.
— Obrigado, America. Você não tem ideia do quanto isso é importante para mim.
Caminhamos calados por alguns instantes. Esses momentos de silêncio não eram nem um pouco constrangedores. Eu até que gostava deles, tanto quanto das nossas conversas.
— Desculpe por ter chamado você pelo nome. Esqueci. Nossa, se Silvia escutasse, aposto que me daria um puxão de orelha.
— Haha! Talvez pior. Silvia está aqui desde sempre. Foi ela que me treinou.
Aquilo me soou estranho. Era esquisito imaginar Maxon aprendendo como se portar à mesa, igual ao que eu tinha passado, como se ele não tivesse nascido sabendo tudo aquilo.
— Mas — ele prosseguiu — e se isso também fosse parte do trato? Sempre que estivermos a sós, você pode me chamar de Maxon.
— Mesmo?
— Claro. É legal.
— Bom, mas as outras não vão chamá-lo de Maxon também? E do que a sua esposa vai chamá-lo então?
— Com sorte, de "meu amado deus do rock Maxon".
Ri até minha barriga doer.
— Deus do rock? — falei, recuperando o fôlego.
— Até onde sei, é isso que sou. Meu talento na guitarra vai muito bem, obrigado. Claro que meus tutores preferem que eu toque música clássica.
— É muito engraçado! Perdão. Fui pega desprevenida.
— Preciso fazer isso mais vezes. Gosto da sua risada.
— Espere! Você falou que seria uma parte do trato. O que você quer em troca?
Tirei as mãos do braço de Maxon. Se íamos selar um acordo, precisava me portar formalmente.
— Bom, também quero chamá-la de outro jeito. Você ainda é contra o "minha querida"?
— Sim, totalmente! — respondi e cruzei os braços, o que apenas o fez rir.
— O.k., vamos pensar então. Qual seria um bom apelido para você? "America" é muito longo. — Ele pensou um pouco. — Que tal Amy?
— Você não presta nem um pouco de atenção? Já tem uma Amy entre as Selecionadas — censurei.
— Caramba! Calma lá. Sou apenas um e há um bando de vocês.
Estava escuro demais para ver se ele tinha corado, mas parecia bem envergonhado.
— Eu sei o nome de todas.
— Claro que sabe — replicou, em um tom de voz que não indicava qualquer surpresa. — Muito bem. Que tal Meri?
A palavra me atingiu como um soco. Como o "não" na casa da árvore. Tive quase a sensação física de um murro na barriga ao ouvir o apelido.
— Não. Assim não — minha voz estava fria, quase vazia.
— O que há de errado? O que foi que eu disse?
Maxon parecia aterrorizado. Ele precisava mesmo da Seleção para arrumar uma mulher. Não teria chance sozinho.
Ele tinha sido tão sincero comigo... Escolhi ser sincera também.
— Ele costumava me chamar assim. Por favor, não...
— Ah, perdão. Claro que não. Você tem minha palavra.
Ambos permanecemos parados ali, agora tensos. Ele estava tentando ser divertido, mas havia tocado no único assunto que nos deixava constrangidos. Voltei a me perguntar o que estava fazendo ali. Ele certamente devia estar pensado a mesma coisa.
Tantos afazeres, tantas garotas implorando por seu amor e sua atenção. Ele não tinha tempo para perder comigo. Só conseguia imaginar sua decepção ao se dar conta de que perdera o jantar com elas para passear comigo — a única garota que não importava.
— Sabe, acho que todas ficariam contentes se você aparecesse para a sobremesa. Ficariam tão aliviadas em vê-lo.
Ele soltou um suspiro, ciente de que eu punha um fim ao nosso encontro.
— Você tem razão. Muito obrigado por sua companhia neste fim de tarde. — Ele se despediu acenando brevemente com a cabeça.
Fiz uma reverência e o chamei de "Alteza". Sem encarar seus olhos, comecei a me retirar. Só consegui avançar uns poucos passos.
— America — Maxon me chamou.
Parei e virei para ele. Tinha certeza absoluta de que tinha ido longe demais. Eu estava prestes a voltar para casa.
— Me chame de Maxon, se não se importar — ele disse e sorriu.
Sorri também. Fiquei surpresa com a minha própria alegria em saber que ainda tinha sua amizade.
— Boa noite, Maxon — me despedi e fui para o meu quarto.
É isso, galera! Espero que tenham gostado!
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